Thursday, October 27, 2005

Esse cara sabe das coisas...

Meninos, leiam e aprendam!

Não pedi autorização ao autor, mas que fique claro aqui que é dele todos os créditos desse texto abaixo.

Copiei e colei daqui (não sei se é exclusivo para assinantes, mas...):
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CONSULTÓRIO POÉTICO
(PARA COMPLICAR O QUE JÁ ESTAVA COMPLICADO)

Sinal de que ela não gosta de você
Fabrício Carpinejar


"O que fazer quando a pessoa não te quer mais (apesar de ela nunca ter lhe dito exatamente isso) e mesmo assim tu és movido por uma força maior (entenda-se maligna) de que ela o quer, e você age e entende como se ela (ainda) não soubesse disso, estivesse em seu inconsciente, e só você (como uma espécie de dono da Matrix) é capaz de vislumbrar o sentimento que a pessoa nutre por ti. Será imaginação? Intuição errada? Existe um 'sinal-ela-não-gosta-mais-de-você'?"
Camilo
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Camilo, posso dizer que nada é definitivo, nem a primeira impressão. Eu sempre fui na adolescência o confidente das meninas. Escutava as impressões delas sobre meus amigos e não era visto como homem, mas como um anjo (ou seja, sem sexo). Se queria namorar uma delas, era obrigado a me calar e sofrer em segredo. O que pretendo expor com esse exemplo pessoal? Não se pode se fixar em um papel, senão estará morto. É preciso surpreender e mudar, mesmo que seja a cor do cabelo. Se a mulher acha que conhece você, não existe mais possibilidade de encantamento. Comece de novo, portanto. Seja misterioso, imprevisível. Esqueça o passado. Pelo jeito que conta, é óbvio que ela não está curtindo. Já acenou um afastamento. Nem adianta fazer ciúme, que ela não entrou em seu jogo.

Quais os sinais de que ela não gosta de você? Rir pouco. Quando apaixonados, qualquer bobagem é motivo de risada. É um estado de insana identificação. Mulher apaixonada vive procurando sintonia fina e semelhanças, como se o universo conspirasse a favor do relacionamento. Todo elo será festejado como um sinal divino. Outra coisa: ela se importará com suas palavras. Olhará para sua boca na hora de falar, numa hipnose de lábios. Caso ela virar longamente para o lado, não está mais a fim ou você está com feijão nos dentes. Ela também se importará em não demonstrar o que está sentindo. Tentará conter o ímpeto, que agravará a tensão.

A volubilidade e a mudança de opinião são características sadias do amor. Alterará a reação contigo subitamente. Telefonará para não falar nada de importante. Um bordão típico: "liguei para apenas saber como você está". Ninguém liga sem motivo, a não ser sofrendo de amor.

O apaixonado não tem outra profissão além de alimentar o amor. A indiferença ou a cobrança exagerada significam provas de que não existe o sentimento. A indiferença é ainda o pior dos sintomas, pois vem junto com o desprezo. Ela é capaz de ferir sem notar, não há interesse em agradar. Uma ilustração: ela avisará que tem outros compromissos e não pode sair. Quem não tem tempo não tem eternidade. Evasivas são utilizadas como modos educados de dar o fora.

A verdadeira resposta da recepção reside na opinião da melhor amiga dela. Repara o jeito como a amiga o trata e descobrirá o futuro da relação. A amiga é como uma advogada, um plantão médico, recebe os segredos com detalhes, conhece minuciosamente os motivos e os medos. Na hipótese da mulher gostar realmente de você, a melhor amiga o tratará com efusão e simpatia, quase dizendo: aproveita, aproveita. Diante da opinião diversa, ela não medirá esforços para mostrar que você é um chato.

Pode mandar cartas com suas dúvidas de relacionamento. Tentarei responder aqui ao longo da semana.
E-mail: carpinejar@terra.com.br
Site: http://www.carpinejar.com.br


Fabrício Carpinejar, poeta e jornalista, 32 anos, quando sério é engraçado, quando engraçado é sério. Deu certo porque aconteceu tudo errado. Tem pés chatos, nariz torto e acorda a mulher de madrugada para discutir o relacionamento. É um homem com defeito de fábrica: adora lojas. Falava errado até os oito anos. Sua fonoaudióloga receitou que usasse bico enquanto seus colegas ostentavam aparelho. Preferiu falar errado. Todo mundo dizia que poeta é sofredor e romântico, não conseguiu convencer ninguém do contrário e aderiu ao lado mais forte. É, portanto, sofredor e romântico. Acredita que até para sofrer tem que ter estilo. Não se sofre de qualquer jeito. Aprendeu a fazer mapa astral, mas teve que devolver o livro para a biblioteca e não interpretou o big-bang pessoal. É autor dos livros "Como no céu/Livro de Visitas" (Bertrand Brasil, 2005), "Cinco Marias" (Bertrand Brasil, 2004), "Caixa de sapatos" (Companhia das Letras, 2003), "Biografia de uma árvore" (Escrituras, 2002), "Terceira Sede" (Escrituras, 2001), "Um terno de pássaros ao sul" (Bertrand Brasil, 2006) e "As Solas do Sol" (Bertrand Brasil, 1998)

Wednesday, October 26, 2005

Viver de (ouvir, dançar, cantar, tocar) música!

Eu não sou boa entendedora de música para poder falar tanto e tão bem sobre os diferentes estilos que venho apreciando. Sinto, sim, uma grande vontade de ler, de saber mais sobre tudo o que está se passando pelos meus ouvidos. Quem sabe até aprender a tocar algum instrumento (ou alguns)...

Mas enquanto eu não me "especializo", me resta narrar os acontecimentos a partir desses meus olhos leigos. Até porque, mais do que qualquer outra coisa, a música está servindo para mim como um canal para encontrar e também fazer novos amigos.

O fim de semana passado foi bem diversificado e animado.


Começou logo na Quarta-feira, com o show de Jord Guedes - Samba para Mário Lago - no Centro Cultural Oboé. Eu já conheço a Jord há algum tempo, mas nunca tinha visto um show dela. Então eu fazia questão de ir lá vê-la. Sua voz é perfeita! E a menina ainda é modesta dizendo que é uma compositora que está "tentando" cantar!

Para ouvi-la, visite a página abaixo. Tem uma amostra das músicas dela.

http://jordguedes.palcomp3.cifraclub.terra.com.br/

No show, Jord interpretou canções de composição de Mário Lago. Dentre elas, as mais conhecidas "Ai que saudades da Amélia" e "Aurora", recitou poemas e crônicas do homenageado e cantou músicas de sua própria autoria.

E eu, além de rever e cumprimentar a própria Jord, tive a satisfação de conhecer a Lena, amiga de amigos que eu já conhecia pela internet, mas não ainda pessoalmente. E revi a Drica Montenegro, que sempre irradia alegria onde quer que a encontremos.

Ainda tive a ilustre companhia do amigo Leonardo, que esteve no local do show apenas de passagem, e permaneceu por alguns instantes para apreciar a voz da Jord. Falei rapidamente com esse pessoal, e fui pra casa, porque afinal era Quarta-feira e tudo seria "normal" na Quinta (acordar cedo, ir trabalhar, etc, etc...)


Na Sexta-feira foi a comemoração do aniversário do Wilton, lá no Alpendre, pertinho do Dragão do Mar. A festa chamava-se "Noite Cubana". Eu não sabia muito bem do que se tratava a festa mas fui lá na intenção de experimentar. E que experiência! Mesmo quando estávamos apenas conversando, o corpo ficava balançando ao som daqueles ritmos calientes.

Tive vários encontros nessa noite! Muitos amigos do Wilton estavam lá. Alguns eu já conhecia. Outros não, e passei a conhecê-los dali em diante. Me sinto tão bem acolhida por essas pessoas! Simplesmente adoro todos. Não queria citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém, afinal, foram tantas pessoas! Mas faço uma menção especial à Herjan e Ercília, que estiveram mais tempo comigo durante a festa, além do próprio Wilton! Tive outra grande e boa surpresa ao rever Tatiana e Marília, que estavam ali também para comemorar o aniversário de uma amiga, a Tássia... Conheço-as de tempos remotos nesta Fortaleza, e há muito eu não as revia. Foi bom conversar com elas e saber que tudo está tranqüilo!

Primeiramente a festa foi regada à Cachaça Mangueira. Que por sinal é bem saborosa, porém bem forte também! Depois apareceu por lá um tal de "Pau-mel", uma batida de cachaça e suco cajá... Coisinha boa, viu! Hehehe. Mas nada superou a "Tiquira", uma cachaça que veio do Maranhão. Muito, mas muito forte. Álcool puro! Diz a "lenda" que não se pode bebê-la e logo em seguida molhar a cabeça, ou os pés. Senão a pessoa morre! Ninguém se arriscou, mas todos apreciaram a Tiquira. No começo ela entrava "rasgando tudo", e as outras bebidas pareciam suco perto dela. Hehehe. Mas depois fomos nos acostumando. E o efeito que estávamos esperando foi chegando... Hah! Isso sem falar nas duas ou três latinhas de cerveja que cada um tomamos. A misturada foi doida, como diria o Wilton!

Depois das músicas cubanas calientes, o palco abriu seu espaço para um batuque muito bom. "Boa-cumba" foi como apelidamos aquele ritmo. Esse batuque é a cara do Alpendre, a festa não seria completa sem isso. Dançamos muito! Muito, mesmo! No calor da dança, o álcool foi-se embora... E ainda restou consciência para agüentarmos até às 4h da manhã... Era assim mesmo que o Wilton merecia: muita festa, muita alegria, amigos, música, mimos e carinhos a dar e receber...


E sábado foi a noite do Rock'n Roll. Banda Zonazul tocando no Hey Ho! em plena véspera de eleição. Fomos eu, Luciana, Érica e dois amigos da Érica: Emanuel e Luiz. Gente boa esses meninos, pra lá de divertidos!

Aquele era o meu quarto show da Banda Zonazul. Eu os vi pela primeira vez em Setembro desse ano, num evento chamado: "Farra da independência" onde a Coda também fez uma participação. Desde então, eles vinham mantendo essa parceria. Logo de cara, adorei as músicas que eles cantam: uma mistura de nacional, internacional, anos 70, 80, 90, além do pop rock da atualidade. Uma verdadeira viagem no tempo. Músicas muito boas de dançar!

E não foi diferente dessa vez... Além disso, a festa foi especial pelo aniversário do baterista, Rafael Ângelo. E foi onde pude encontrá-lo e desejar os parabéns. Ainda conheci mais outros novos amigos que conversei primeiramente na internet: Tiago Valmont, o vocalista da banda, lindo demais, em todos os sentidos! E o Ton, que apesar de eu ter falado pouco com ele, já percebi que é também uma ótima pessoa. E ainda por cima, quis as coincidências da vida, que o Ton fosse praticamente meu vizinho, morando aqui no Montese, perto da minha rua!



Nossa! Como foi bom esse fim de semana... Relendo aqui o texto, estou vendo quantos encontros e reencontros eu tive. Pessoas tão maravilhosas estão ao meu redor, e são incontáveis! E eu conto com elas novamente, e também com essas coincidências, essas alegrias... Essas festas todas!

E que momentos como esses aconteçam sempre e mais!

Mil beijos!

Friday, October 21, 2005

Ceará Music 2005

Primeiramente: Oba!

Confesso que é bom ver os comentários dos amigos em meus posts, e o contador de visitas registrando que existem pessoas que me visitam, mesmo! Obrigada, pessoal! Adoro esse meu cantinho e aviso logo que não tenho a mínima intenção de deixar de escrever aqui!

Agora sim: Ceará Music

O Ceará Music foi muito bom! Eu queria ter curtido mais... Afinal esse negócio só tem uma vez por ano. Lembro que um pouco antes do primeiro dia do evento, muitos amigos meus disseram que não estavam animados com esse Ceará Music. E eu cheguei a pensar que esse ano, não seria tão bom quanto os outros. Mas, que nada! Todos os dias foram lotados e transpareceram a mesma alegria de todos os anos! Tomara que no ano que vem tudo aconteça de novo!


Adorei os shows:

- Paralamas: abriu meu Ceará Music. O Marina lotaaaado! E a gente laaaaaá atrás, no meio de uma galera! As músicas das antigas, a gente lembrava de todas, e também ouvimos as músicas mais recentes que eles cantaram.

- Cidade Negra: que energia aquele show passa! E nós só no reggae...

- Pitty: me perdi da turma que tava comigo, e continuei lá no meio da muvuca sendo arrastada pra lá e pra cá, mas acabei encontrando dois altões no meio da platéia e fiquei perto deles. Ninguém mexia com eles e eu estava protegida, hehehe. O show da mulher anima mesmo! Esse segundo disco dela tá muito bom, e Anacrônico é uma música que acho que vai "pegar"!

- Biquini Cavadão: eu tinha morgado um pouco, mas não tinha como ficar parado com aqueles caras no palco. Fiquei na última fila, já perto dos camarotes verdes (passport) e mesmo assim tinha uma multidão na minha frente, e ficaram lá até às 4h30min da manhã, quando a última música acabou!

- Kid abelha: Paula Toller, como sempre, encatadora. Músicas muito legais e muita alegria entre a galerinha que estava na platéia!

- Blitz: mesmo lá na frente, a platéia estava vazia e deu pra dançar, pra conversar... Foi muito bom!

- Detonautas: eu sentada laaaaaá longe do palco, mas sentindo a vibração da galera no último show do Sábado. Apesar de não conhecer muito essa banda, tenho uma simpatia pelo carisma que o Tico Santa Cruz (vocalista) transmite.


Queria ter visto, mas não deu:

Los Hermanos: cheguei atrasada na sexta-feira e não deu tempo de vê-los tocar :(

Marcelo D2: infelizmente, a câmera digital da minha amiga Adriana foi roubada um pouquinho antes de começar o show do D2. A festa murchou um pouco depois desse incidente, e eu nem tive ânimo pra ver mais show nenhum! :(

Gabriel, o Pensador: Não fui no domingo e perdi de vê-lo cantar :(


Bom, no final, o saldo foi positivo. E literalmente para a minha irmã que faturou uma grana dando uma de cambista, vendendo 5 ingressos por dia, que ela tinha comprado a mais já com essa intenção, hehehe. Mas, deixando o capitalismo de lado, eu me diverti bastante! Adorei também receber as amigas que dormiram lá em casa: Érica (que já mora comigo), Luciana (minha irmã), Eline (irmã da Érica), Socorro (amiga minha e da Érica) e Sybele (amiga da Socorro). Compramos almoço, preparamos as bebidas pré-show, conversamos, fofocamos... Foi bem legal! Pena que acabou. Na segunda-feira de manhã já estávamos todas nos arrumando para o trabalho.

E a semana recomeçou, está terminando, já. E eu nem vi passar...

Quem venha o Ceará Music 2006, então!

Beijos!

Música para retratar momento

A FÉ SOLÚVEL
(Fernando Anitelli - O Teatro Mágico)


É, me esqueci da luz da cozinha acesa
de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!

De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nós


Meu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvel


É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei

E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras


Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho


Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

Friday, October 14, 2005

Falo demais!

Essa minha vontade de ser transparente, de deixar tudo às claras acaba me trazendo problemas. Pode causar inúmeras interpretações da parte de quem ouve.

Isso não é bom. É algo que preciso desenvolver, tenho que mudar. Até mesmo num teste psicotécnico que fiz um dia desses, o resultado deu que o meu pricipal ponto fraco é falar em demasia.

Coisas que eu poderia explicar em poucas palavras, eu explico bem, sim... Mas quando deveria calar, porque tudo já estaria entendido, prefiro continuar falando, explicando... E isso acaba confundindo quem está me ouvindo... Pensam algo do tipo: "O que mais ela está querendo explicar? Será que entendi bem?"

Aliás, quando olho pra mim, vejo que tenho muito a mudar, a melhorar. E isso vale para os lados pessoal e profissional também.

Nessa semana estou lendo "O Monge e o executivo". Ainda estou no comecinho, mas parece ser um livro bom. Traz uma porção de teorias e ensinamentos sobre liderança. E isso não só no campo profissional, como também na vida em sociedade, nas interações com o mundo à nossa volta... Enfim, todo conhecimento é válido e espero que com esse livro algo se acrescente à visão que eu tenho do mundo.

Até porque muitas novidades estão acontecendo: mudei de emprego (alguns podem pensar: "de novo?!", mas não podemos deixar as oportunidades escaparem, né?), estou fazendo novos amigos e mantendo os de sempre, conhecendo novos lugares, adquirindo novos hábitos... Com todas essas novidades, não dá pra manter a mesma personalidade, obedecer a um mesmo padrão de comportamento...

É preciso enxergar as coisas com outros olhos, a partir de um outro ângulo de visão. Eu sinto uma sutil mudança no ar... E desejo muito que seja para melhor.

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Bom... Mas, deixando o papo sério de lado. Hoje começa o Ceará Music! Pena que dessa vez os Engenheiros do Hawaii não vêm. Mas tem Los Hermanos, Pitty, Gabriel o Pensador, Biquini Cavadão, Kid Abelha, Paralamas, Capital Inicial (e mais um monte de bandas nacionais), tem boate, bandas de pop, rock, e blues do Ceará, e até maracatu! Tem amigos, a turma reunida, aquela graminha pra a gente deitar, muita cerveja pra a gente beber... Oba! O fim de semana promete!

Até lá, então. Boa festa pra quem vai. Bom descanso (ou não) pra quem fica.

Bjinhos!

(Aê! Viram só... Uma semana, 3 posts!)

Tuesday, October 11, 2005

Libertário

Do amor
Paulinho Moska


Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento, relações de dependência e submissão. Paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto. Para mim, que o amor se manifesta. A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?

Minha resposta? O amor é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação, o amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta, ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor, é a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas, o amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Friday, October 07, 2005

Relembranças

Muitas coisas andam acontecendo! O tempo tá correndo, e eu com ele.

O que não é mais novidade, é que mais uma vez eu abandonei esse lar, né? Mas estou de volta, e não desisto!

Antes de voltar aqui eu visitei o meu antigo blog. E, fora o fato de que eu acabei desconfigurando-o todo, mexendo aqui e ali, li quase tudo que estava escrito e confesso que algumas palavras até me supreenderam... Tanto porque me sinto um pouco diferente hoje em dia, como porque algumas idéias em mim são realmente imutáveis.

Daí que me veio a idéia de trancrever aqui um texto que criei em 1999 (e que não está lá no outro blog). Era uma carta direcionada a uma pessoa em específico, que nunca chegou a recebê-la.

Acho que a linguagem está um pouco "infantil" (eu adorava uns clichês, naquela época). Mas vale a pena registrar esse texto, pelo que ele quer transmitir. Hoje ele me serve para relembrar qual é a minha essência, quais são as minhas vontades e os meus desejos mais profudos

Sitam-se convidados, e... Boa leitura!


Uma carta nunca escrita para alguém que nunca leu

Fortaleza (CE), 21 de abril de 1999.

Não escrevo para dar notícias. Essa carta tem a exclusiva intenção de mostrar quem sou. Ou seja, quero dizer como eu vejo e percebo as coisas que acontecem ao meu redor. Quero mostrar uma avaliação que eu faço de minha estória.

Existem certas atitudes minhas que as pessoas falam comigo de uma forma como não me conhecessem. Quer dizer, estranham minhas ações. Daí eu respondo: "Mas nem eu sei do que eu sou capaz..."

Isso é verdade! Eu sou capaz de fazer tudo, tudo mesmo, pelos motivos mais variados possíveis (e até sem motivo mesmo). O certo é que eu tenho essa maneira de ser. Não costumo dizer não. De tudo eu quero participar, tudo eu quero experimentar.

Minha consciência se baseia nos meus padrões de certo e de errado, coerente e incoerente, fácil e difícil. E nada mais... É proibido proibir. Não me interessam as coisas que tenho por direito e sim aquelas que eu possuo por conquista, luta, prazer e coragem.

Eu sou grande, me considero muito grande. Como se eu precisasse saber de tudo, compreender tudo, invadir o mundo das pessoas e perguntar: "Por quê?".

Mas isso não significa que eu queira mudar o mundo. Longe disso!

Minha busca incessante é pela VERDADE. A verdade que está presente em todos, e em tudo: num pôr-do-sol que presenciamos, numa lágrima que vemos cair, nas emoções que expressamos, enfim... Observar tudo isso pra mim é fácil e necessário, como se fosse uma missão a cumprir. Nessas horas sinto-me imune à vida terrena: vendo as pessoas agirem com movimentos simulados. Como num jogo, fazem tudo por conveniência, se esquivam de muitas emoções que possam vir a sentir. Isso não é pra mim... Não sei ser assim.

Todo esse abstracionismo me eleva, me deixa longe da vida real. Me considero diferente, sim! Isso acontece sempre. A todo momento procuro me alocar, me agregar ao ambiente em que me encontro. Mas é um esforço inútil. Mas cedo ou mais tarde olho pra mim e me vejo só: completamente só... Nunca por opção, sempre por natureza. Isso já foi pra mim um grande problema. Mas foi preciso que eu me adaptasse.Eu consegui conviver com essa solidão. Mas também foi preciso, como consequência, que eu modificasse minha forma de pensar.

Antes eu pretendia uma isolação total. Me privar das pessoas e simplesmente observá-las (foi aí onde surgiu o pseudônimo "Artista Autista", eu tinha a intenção de criar meu próprio mundo nas letras: loucura!), fugi de amizades e relações mais próximas.

Depois percebi que esta atitude era um tanto improdutiva e sem vantagem alguma. Houve uma época em que eu lia Carlos Drummond de Andrade e foi através dessa leitura, incentivada por ela, que decidi me juntar às pessoas, absorver o "Sentimento do Mundo" e me integrar de uma maneira geral às coisas que eu presenciasse. Sobretudo, aceitei minha condição de ser humano.

Essa nova maneira de ver o mundo só seria realmente eficiente se existisse dentro de mim um espírito de Liberdade Intensa Fundamental. Liberdade sim! Solidão jamais! Nessa lei eu me baseio agora.

Eu sou livre e responsável pelo meu destino. Tenho de escrevê-lo por meu próprio punho. As decisões tomadas devem ser rápidas, precisas e eficientes.

Toda essa transformação se intensificou quando finalmente eu saí de casa, do berço da família. Eu comentava como eu achava a vida difícil. Meus caminhos eram muito complicados. Difíceis de entrar e impossíveis de sair.

É verdade! Eu não escolhi viver assim. Fui levada, por forças maiores do que eu, a aceitar minha condiçães, meu passado. Eu não soube escolher: fui escolhida.

Tudo isso são coisas nas quais eu acredito. Essa é a minha verdade. Não tenho a intenção de me proteger dos problemas do mundo e sim a de aparecer para eles. Quero ser transparente, previsível, fácil de conviver, de entender.

Peço apenas que não me prenda, deixe-me livre. Entretanto nunca me deixe só. Há algo mais além dessa pequena vida, algo em que só quem é digno tem o direito de descobrir.

Agora, faça de mim o que quiser: essa sou eu!

Saudades.

Lediana Carvalho.