Thursday, December 25, 2008

O pior dos pecados

Abaixo transcrevo um poema cujos trechos insistiam em invadir minha memória. Precisei copiar não somente o poema como também uma breve explicação do que ele quer transmitir. E, para mim, trazê-lo para cá tal como encontrei na internet, é também uma metáfora, que explica, melhor do que qualquer outra justificativa, a estupidez do meu post anterior: pura vaidade.

Relendo o que escrevi, parece-me que tentei transferir a responsabilidade dos meus conflitos e as conseqüências de minhas escolhas para as outras pessoas, e para os últimos acontecimentos.

Mas agora me dou conta de que não devo posar de "vítima das circustâncias". Também não adianta bancar a revoltada com o mundo, e reagir como se fosse realmente necessário uma resposta.

Por que não há respostas, talvez nem mesmo perguntas... Há a Vida, o Universo, e Eu no meio disso tudo...


DOS DESENGANOS DA VIDA HUMANA, METAFORICAMENTE
Gregório de Matos


É a vaidade, Fábio, nesta vida
Rosa, que de manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?


O próprio título do soneto, "Dos desenganos da vida humana, metaforicamente", alude ao emprego intensivo da metáfora. O poema se entretece a partir de três metáforas da vaidade: rosa, planta, nau (navio), que têm duração efêmera, ainda que se suponham eternas.

Primeiramente são mostradas as qualidades de cada um desses elementos metafóricos. Como a rosa, a vaidade "rompe airosa" (elegante); como a planta favorecida pelo mês de abril (quando é primavera na Europa), ela segue rapidamente, feito uma "galeota empavesada" (embarcação enfeitada); como uma nau ligeira, preza alentos e galhardias (elogios e elegâncias).

Observe que as metáforas são colocadas nos versos 2, 5 e 9 e, após retomadas nos versos 12 a 14, quando, no último terceto, o poeta as dispõe em ordem decrescente, inversa: a penha (pedra) destrói a nau, assim como o ferro (instrumento de corte qualquer) destrói a planta e a tarde (o tempo que passa) destrói a rosa. A conclusão a que se chega, portanto, é que a vaidade é frágil e efêmera.


Créditos: http://www.geocities.com/alcalina.geo/39litera/barroco.htm

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