Friday, February 24, 2006

Quem dera essas palavras fossem outras

Antes de escrever as linhas que seguem, eu hesitei. Pensei que seria exposição demais "anunciar" esta situação que estou passando aqui na internet. Mas depois de mais uma vez me dar conta de que o blog é meu e que a minha vida é essa, não há outra história para contar aqui senão essa. São os pensamentos que transbordam em mim neste momento, e que pedem para serem escritos.

Outra razão é ainda mais óbvia. Se o início e o desenvolvimento do meu namoro foi exposto neste blog, não há nada mais justo que transcrever aqui o seu encerramento também.

O fim chegou por e-mail. 7 linhas apenas, que se traduziriam em menos ainda, 4 palavras: "não amo mais você". E não havia maiores explicações. Por mais que eu perguntasse "Por que?" "Qual a razão?" "Qual o motivo?", do outro lado da linha eu ouvia apenas o silêncio ou a repetição da frase: "Não sinto mais a mesma coisa..."

Mas era exatamente a razão disso o que eu queria saber, e perguntei novamente, com toda as letras: "Por que você não sente mais a mesma coisa?". E ele disse, tal e qual uma criança quando não sabe a resposta, nem imagina nada na hora: "Porque não."

A única coisa da qual me arrependo, é de não ter percebido que isso iria acontecer, e que estava tão iminente. Claro que a possibilidade existia e estava ali com todas as suas ferramentas: a distância, a falta de contato, de notícias, as saudades se confundindo com esquecimento... Mas eu acreditava seriamente que eram apenas barreiras a vencer, e que estávamos vencendo... E eu até imaginava que poderíamos terminar nosso namoro um dia, talvez depois de esforços em vão, ou tentativas sem sucesso, mas nunca imaginei que seria por falta de amor.

Mas foi. E foi como tinha de ser. Não era o que todos diziam? "O que tiver que ser, será!"

Enfim... Eu não o fiz acreditar no amor, como alguém já havia insinuado. Talvez tenha feito ele desacreditar ainda mais, até. Não fui capaz de torná-lo mais sensível, como também chegaram a dizer. Pelo contrário, nunca o percebi tão frio como naquela última conversa... Na verdade, não faço mais idéia do que eu signifiquei para ele nesses quase 3 meses. Tão pouco tempo diante de uma vida inteira que figurava em meus sonhos, em minhas ingênuas esperanças...

Isso tudo vai passar, eu sei que vai... E escrever no blog é uma forma de virar a página, fazer dessa situação uma história pra contar, parte de um passado. E, com um pouco de imaginação, posso torná-la ficção, como se jamais tivesse existido ou acontecido, e fôssemos apenas personagens nas mãos de um escritor brincando de Deus.

Eu nunca tinha me identificado tanto com esse famoso soneto de Vinícius, como agora:

Soneto da Separação
Vinicius de Moraes


De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente



Só me resta mais uma vez lamentar, e seguir em frente. Enquanto neste carnaval, todos festejam, comemoram e são felizes, eu ficarei reclusa em meu lar, em mim mesma e em minha vida... Preciso muito da força que tenho, agora.

Mil beijos em todos!

Thursday, February 23, 2006

Hoje só a música fala por mim...

Não há o que dizer. Numa hora como essas, só Humberto Gessinger tem as palavras perfeitas:

ALGO POR VOCÊ
Humberto Gessinger - Fernando Deluqui


hey, garota, não fique esperando o telefone tocar
os homens são o que são e são todos iguais
o difícil é saber quem é clone de quem

hey, garota, não fique esperando o telefone tocar
de volta ao passado, tecendo tapetes,
esperando o guerreiro voltar

já lhe fizeram sofrer demais
já lhe fizeram feliz demais
tá na hora de você mesma fazer
algo por você

só você pode fazer

hey, garota, o dia já passou, não deixe a noite passar
passe um batom, ou não, e vá se divertir
você vai descobrir quem é clone de quem

hey, garota, faça o favor: não fique esperando
faça algo por você

e só você pode fazer

Friday, February 10, 2006

Parece que a Zélia canta para mim!

Nessa semana eu descobri o mais recente disco da Zélia Duncan: Pré-pós-tudo-bossa-band.

Baixei as músicas, e duas em especial me tocaram instataneamente. A primeira eu postei no meu fotolog, e tem tudo a ver com meu momento atual.

A outra segue abaixo. É um "manual de instruções para quem quer resolver o sofrimento". Como a própria Zélia escreveu: "é uma música que toca especialmente, todo mundo que ouve se sente o próprio milagre, porque quem na vida já não chorou muitas mil lágrimas..."

Mais do que ler, você precisa ouví-la! Pergunte-me como ;)

MILÁGRIMAS
Itamar Assumpção - Alice Ruiz


Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo

Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo

Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido

Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido

A cada milágrimas sai um milagre

Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja

Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas

Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura

Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto,
Invente seu endereço

A cada milágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal

Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem, mil lágrimas, sinta o milagre

A cada milágrimas sai um milagre



Beijos!

Thursday, February 02, 2006

Contra perdas e danos

Me dei conta de que sou aquele tipo de pessoa especialista em "deixar para lá". Me conformo muito facilmente com as coisas que não saem como planejado: perco oportunidades, sou reprovada em alguma cadeira da faculdade, alguém me faz qualquer maldade, faço péssimas compras... Enfim, quando coisas desse tipo acontecem, eu me conformo, faço de conta que não é comigo e sigo em frente, como se eu realmente fosse outra pessoa.

Hoje em dia, olhando para trás, me considero uma verdadeira sortuda. Percebo que desde os 12, 14 anos, época em que passei a ter consciência sobre a vida real, tive muitas alegrias, realizações e ganhos no meio do caminho. Se lutei e conquistei coisas boas por mérito, afirmo que tudo foi fruto de meros acasos, sem maiores pretensões. Eu deixava a vida me levar só pra ver o que iria acontecer logo em seguida.

Mas a verdade é que também tive que abrir mão de muitos sonhos, desejos, vontades... Conseqüências de meus desinteresses, meu fácil desapego, minha falta de esforço. E, ultimamente, essas perdas parecem estar se intensificando mais e suplicam por atitudes minhas para que se transformem. A minha vida grita para deixar de ser tão provisória e me pede um sentido, uma meta, um objetivo!

Porque o que ocorre hoje é que começo a perder dinheiro, tempo, e até a companhia de gente querida. Me vejo tendo sempre que adiar planos de curto e médio prazo porque nenhuma etapa foi cumprida. Tudo parece estático, esperando minhas decisões e, principalmente, minhas execuções.

Só que, dessa vez, decido por parar de reclamar da vida e de lamentar tanto. Assumo total responsabilidade pelo "inferno astral" que eu devo estar passando. Concluo que o acaso só é bom mesmo quando nos traz surpresas boas. E ele só nos premia se fizermos por onde conquistar.

As perdas e os danos que estão surgindo me servem ao menos para abrir os olhos, despertar para uma nova consciência. Quero o certo e não o duvidoso, o equilíbrio e não as oscilações. Quero a luta, a atitude, e não a espera que me faz parar no tempo... Eu quero mais, e quero melhor!

Prometo que farei por merecer.