Quem dera essas palavras fossem outras
Antes de escrever as linhas que seguem, eu hesitei. Pensei que seria exposição demais "anunciar" esta situação que estou passando aqui na internet. Mas depois de mais uma vez me dar conta de que o blog é meu e que a minha vida é essa, não há outra história para contar aqui senão essa. São os pensamentos que transbordam em mim neste momento, e que pedem para serem escritos.
Outra razão é ainda mais óbvia. Se o início e o desenvolvimento do meu namoro foi exposto neste blog, não há nada mais justo que transcrever aqui o seu encerramento também.
O fim chegou por e-mail. 7 linhas apenas, que se traduziriam em menos ainda, 4 palavras: "não amo mais você". E não havia maiores explicações. Por mais que eu perguntasse "Por que?" "Qual a razão?" "Qual o motivo?", do outro lado da linha eu ouvia apenas o silêncio ou a repetição da frase: "Não sinto mais a mesma coisa..."
Mas era exatamente a razão disso o que eu queria saber, e perguntei novamente, com toda as letras: "Por que você não sente mais a mesma coisa?". E ele disse, tal e qual uma criança quando não sabe a resposta, nem imagina nada na hora: "Porque não."
A única coisa da qual me arrependo, é de não ter percebido que isso iria acontecer, e que estava tão iminente. Claro que a possibilidade existia e estava ali com todas as suas ferramentas: a distância, a falta de contato, de notícias, as saudades se confundindo com esquecimento... Mas eu acreditava seriamente que eram apenas barreiras a vencer, e que estávamos vencendo... E eu até imaginava que poderíamos terminar nosso namoro um dia, talvez depois de esforços em vão, ou tentativas sem sucesso, mas nunca imaginei que seria por falta de amor.
Mas foi. E foi como tinha de ser. Não era o que todos diziam? "O que tiver que ser, será!"
Enfim... Eu não o fiz acreditar no amor, como alguém já havia insinuado. Talvez tenha feito ele desacreditar ainda mais, até. Não fui capaz de torná-lo mais sensível, como também chegaram a dizer. Pelo contrário, nunca o percebi tão frio como naquela última conversa... Na verdade, não faço mais idéia do que eu signifiquei para ele nesses quase 3 meses. Tão pouco tempo diante de uma vida inteira que figurava em meus sonhos, em minhas ingênuas esperanças...
Isso tudo vai passar, eu sei que vai... E escrever no blog é uma forma de virar a página, fazer dessa situação uma história pra contar, parte de um passado. E, com um pouco de imaginação, posso torná-la ficção, como se jamais tivesse existido ou acontecido, e fôssemos apenas personagens nas mãos de um escritor brincando de Deus.
Eu nunca tinha me identificado tanto com esse famoso soneto de Vinícius, como agora:
Soneto da Separação
Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
Só me resta mais uma vez lamentar, e seguir em frente. Enquanto neste carnaval, todos festejam, comemoram e são felizes, eu ficarei reclusa em meu lar, em mim mesma e em minha vida... Preciso muito da força que tenho, agora.
Mil beijos em todos!