Friday, October 24, 2008

Aventuras e desventuras

Todos nós somos um pouco viramundos, ou pelo menos trazemos no íntimo uma irrealizada vocação de peregrinos, mas o que nos faz largar um pouso é a procura de outro pouso. Disfarçamos com pretextos soezes a nossa viramunda destinação de nômades a deambular por este mundo de Deus, e nos tornamos viajantes, bandeirantes, itinerantes, emigrantes, visitantes, passantes, infantes, militantes ou tratantes. Grandes viramundos são os ciganos, os marinheiros mercantes e os cachorros, também chamados de vira-latas.

Trecho do livro "O Grande Mentecapto"
Fernando Sabino



Para alguns que me visitam aqui, nada do que vou escrever é novidade. Há tempos eu já deveria ter postado estas últimas notícias.

Sexta-feira, 25/07/2008. Eu desembarcava no Terminal Rodoviário do Tietê, depois de mais de 50 horas de estrada, de Fortaleza até aqui. E a passagem era só de ida.

Não é de hoje o meu desejo de vir morar em São Paulo. Já não sei mais se as motivações que me trouxeram agora são as mesmas de outrora. Mas o fato é que eu vim. E cá estou.

Ninguém me esperava. Minha amiga que me hospedaria na casa dela tinha um compromisso marcado para justamente naquele horário em que eu havia chegado, ela também não podia me esperar. E assim, sozinha, carreguei minhas malas de metrô até a casa dela. O resto daquele dia e a noite foram de descanso. E no sábado a vida já começava e tomava seu rumo.

Desde que cheguei, meus dias se cruzaram com os bastidores dos espetáculos dO Teatro Mágico. Trabalho na Lojinha, cuidando dos pedidos de produtos via Internet e na venda direta durante os shows. Está sendo ótimo dedicar a minha mão-de-obra a algo que acredito e quero contribuir com o que estiver ao meu alcance para ver crescer.

Além do mais, é um universo totalmente novo para mim. Eu sinto que tudo o que estou aprendendo no mundo do show business servirá para toda a vida. A grande lição é: "o espetáculo tem que continuar". Cada show é uma missão a cumprir, e cada cortina que se fecha é uma página virada, e vamos para a próxima. Não dá pra deixar nada para depois!

Mas no dia-a-dia há muito mais. Como dizem: "São Paulo é a cidade das possibilidades". E nesses três meses eu pude ver e vivenciar muitos lugares, histórias e sensações: teatro, cinema, parques, caminhadas, amigos, paixonites, namoricos, euforia, alegria, emoção, tristeza, saudade, solidão...

Mesmo assim, tudo é apenas o começo. Há muito mais a descobrir, a desvendar, a desbravar, a aprender, a continuar. Quanto ao futuro, não faço idéia do que me espera. Não é que não haja o que prever, pelo contrário. São tantos caminhos...

A única coisa que sei é que estou exatamente onde eu queria estar.