Monday, June 07, 2004

Histórias da vida real - Episódio 3 de 4

Diário de bordo: 24 a 30 de Maio de 2004.

Este terceiro episódio nos conta a saga de uma tentativa frustrada de
curtir um show de rock.

"A volta dos que não foram"

Na semana retrasada, no sábado, estava marcado um show dos Los Hermanos. Inicalmente o show seria na Concha Acústica da UFC, um local ideal para um show de grande porte como este. Mas, sabe-se lá porque, mudaram o motivo e o local da festa. O que ia ser um evento político e, como não havia fins lucrativos, o ingresso custaria R$ 5,00, passou a ser uma calourada da Unifor, com intenções totalmente lucrativas e com ingresso custando R$ 15,00 antecipado e R$ 30,00 na bilheteria, no dia do show. E viva o capitalismo!

Mas independentemente disso, compramos os ingressos (antecipados, claro!) e ficamos esperando ansiosos o Sábado chegar para o grande dia do show!

Só que o novo local escolhido para o show, Complexo Armazém, na Praia de Iracema não tinha condições de receber um show daqueles. Naquele lugar somos acostumados a ver shows de bandas locais e festas típicas de boates noturnas. Nada além...

Iríamos juntos, eu e o David. Marcamos de nos encontrarmos lá mesmo na Praia de Iracema. Logo quando desci do ônibus vi aquela multidão na porta do Armazém. A rua estava interditada com tanta gente parada esperando o melhor momento para entrar. E a fila, que começava na porta, seguia pelo quarteirão, virava a esquina e continuava até onde nem dava mais pra ver.

Nesse momento, David ainda estava no trânsito, e eu já fui avisando:

- Não vai dar para estacionar por aqui na Praia de Iracema. Tá um caos na porta do Armazém!

Dito e feito. David só encontrou vaga para estacionar no Dragão do Mar, lá em cima, onde é um pouco longe do Armazem, indo a pé. Pelo menos a descida por dentro do Dragão do Mar é de encher os olhos com aquela arquitetura tão delicada...

Mas foi só sairmos da "delicadeza" e demos de cara novamente com o caos estabelicido na frente do Armazém.

Não foi difícil para o David me convencer a não assistirmos mais ao show. Hesitei por algum momento, mas vi que fizemos o certo.

E o menos mal foi que conseguimos vender os ingressos por um preço maior do que pagamos :-). O "lucro" nos serviu para tomarmos chopp de vinho de comer no Habbib's!

No meio da semana eu perguntei aos amigos que entraram no show e li também em alguns blogs. E constatei que o show foi realmente caótico: muita gente, local muito apertado e sem estrutura para receber um público daqueles... Bom mesmo só os Los Hermanos, que fizeram com que os contratempos fossem ínfimos diante de tanta perfeição.

É... Eu perdi, mas creio que este não foi o último show dos Los Hermanos. Muitos outros hão de vir. Só espero que quem organize o próximo, esteja ciente que Fortaleza está repleta de fãs desta banda, e que a cada show o número cresce de forma exponencial. Não dá para considerá-los fazendo show num lugar onde caibam somente 3.000 pessoas.
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Em breve, o 4º episódio daquela semana que foi bem agitada. Há nele uma ótima notícia com a qual convivi. Guardei o melhor para o final. Não perdemos por esperar...

Hah! Tem novidades no meu blog. Novos links adicionados aí no lado esquerdo da página.

Até mais!

Histórias da vida real - Episódio 2 de 4

Diário de bordo: 24 a 30 de Maio de 2004.

O segundo episódio da série fala de profissionalismo, aprendizado, metas atingidas, surpresas no meio do caminho e muito mais pela frente...

Promessas de Maio

Na semana retrasada, de segunda a sexta-feira, participei de um curso que há milênios eu queria fazer: Auditor Líder da Qualidade - ISO 9001:2000. Quem entende de "sistemas de gestão" deve saber que este curso é essencial para quem trabalha e quer se desenvolver na área, o que é o meu caso. Fico muito satisfeita como fato da Rigesa ter "patrocinado" esse curso para mim. Simbolizou-me como uma promessa cumprida, um sonho realizado, eu diria, até.

O dia-a-dia do curso foi muito dinâmico. Muito intenso. Eu não me dediquei a outra coisa. Deixei a faculdade e o trabalho para me fixar nas aulas, que se iniciavam às 9h da manhã e não tinham hora para terminar.

O que acontecia era que, a cada início de aula tínhamos que apresentar um trabalho que era preparado no dia anterior. Ou seja, só podíamos ir embora, à noite, quando o trabalho estivesse pronto para ser apresentado.

O primeiro dia é que foi o baque, saímos delá às 1h da manhã. Nos outros dias, já preparados, conseguíamos planejar melhor o que fazer e as atividades foram ficando mais leves (ou nós fomos ficando mais espertos?) e a cada dia fomos saindo mais cedo (ou menos tarde, heehe).

Todas as atividades foram realizadas em equipe, que foram definidas no primeiro dia de aula. A instrutora nos disse:

- Amem ou odeiem, as equipes terão esses participantes!

éramos ao todo 7 pessoas pariticipando do curso e nos dividimos em 2 equipes. A minha tinha três componentes. A gente penava para chegar a um consenso, para conseguir atingir um objetivo. O tempo sempre era curto... Mas aos poucos eu e meus colegas fomos percebendo que, então, a didática do curso era aprender a enxergar o ponto fraco e não deixar ele se repetir.

Todos os nossos erros eram apontados pela instrutora. E aquilo deixáva-nos até com o "orgulho ferido". Sempre chegávamos à coclusão de que tanto trabalho era em vão, pois, quando fôssemos ali na frente, os erros seriam listados um a um. O jeito que nossa equipe deu foi, então, fazer o que achávamos que era certo e deixar assim, sem nos preocuparmos com detalhes em busca de perfeição. Aliás, percebemos também que quanto mais datalhados tentávamos ser, mais erros eram encontrados e menos necessidade de tanto trabalho era demonstrado pela professora.

A moral da história é que todos tentávamos complicar uma coisa que era muito simples. Eu mesma, criando tantas expectativas a respeito do curso, acabei achando que ele era de um nível maior que o meu. E no início, pensava mesmo que eu seria incapaz de alcançá-lo.

Eu não discordo nem concordo com esta didática apresentada. Poderia ser diferente? Poderia. Mas a pressão imposta, a exposição na qual nos colocávamos e a evolução que tivemos ao longo dos cinco dias realmente me surpreendeu. Creio que se fosse apresentado de uma forma mais amena, mais compreensiva por parte da instrutora, o curso iria acabar tendo que, por natureza, ser mais lento, ter mais tempo...

O reflexo do meu aprendizado vou saber com o resultado da prova. Para ser aprovada e poder me qualificar como Auditora Líder será preciso uma nota igual ou maior do que 70. Caso contrário, tenho direito ainda a uma prova de recuperação. O resultado sairá daqui a 3 meses. Me resta esperar...

Tuesday, June 01, 2004

Histórias da vida real - Episódio 1 de 4

Diário de bordo: 24 a 30 de Maio de 2004.

A semana passada foi bem movimentada. É tanta coisa pra contar que resolvi fazer que nem o Jack: "- Vamos por partes". A partir de hoje, inicio uma série de 4 episódios para contar tudo sem cansar os olhos do raro leitor.

Nesse primeiro episódio veja que, hoje em dia, futebol não é somente "coisa de menino", mas olhos femininos são bem menos emotivos nessas ocasiões.


"O futebol é uma caixinha de surpresas"

Na semana passada, quarta-feira, fui ao Estádio Castelão assistir ao jogo Ceará x Brasiliense pelo Campeonato Brasileiro - Série B. Lembrei de quando eu era criança e meu pai levava a criançada toda da família para assistir aos jogos do também alvinegro ABC de Natal-RN. Mas em Fortaleza foi a minha primeira vez.

Futebol para os torcedores que vão ao estádio pode ser comparado, para mim, como se houvesse um show de rock toda semana. Aquela multidão se reunindo, convergindo para um único lugar, cada pessoa ligada à outra por um ponto em comum: ver o time do coração ganhar a partida, da mesma forma como um rockeiro quer ver sua banda preferida dar um show espetacular.

O Castelão parecia mesmo uma festa! A torcida do "Vovô" - alcunha dada ao time pelo fato de ser o clube mais antigo do Ceará - compareceu em peso. Fala-se da bilheteria recorde dos jogos da Série B: 33 mil pessoas, todos torcedores do Ceará. Nenhum do Brasiliense. E eu lá no meio da muvuca acompanhada do David e do Raphael.

O Brasiliense era o 2º colocado. O Ceará, o 4º. Mas a diferença de pontos era tão pouca que, quem ganhasse assumiria a primeira posição do campeonato. O Ceará jogava em casa e vinha de uma vitória de virada contra o Náutico em plena Recife. Era o franco favorito para ganhar a partida.

E, realmente, não saía do ataque. Mas o Brasiliense também não saía da defesa. O juiz, coitado, levou tanto palavrão por cada falta que deixava de marcar a favor do time da casa... Mas, parecia mesmo de propósito, era só alguém do Brasiliense pegar na bola, e um jogador do Ceará chegar perto, e o juiz apitava! E só assim, depois de jogadas paradas, o Brasiliense desenvolvia os passes.

Porém, como diziam os espectadores, "O Ceará tem goleiro!" Nas poucas vezes em que foi ameaçado, o goleiro do "Vovô" estava lá defendendo, e bem! Mas gol, que é bom, nada! Tudo cogitava para que o Ceará ganhasse. A festa da torcida estava bonita. Cada lance bem feito pelo time era aplaudido e comemorado.

Mas os torcedores também se enraiveciam e xingavam a cada erro visto. Era um paradoxo: louvavam, em um dado momento, um jogador que, minutos depois seria chamado de "cego!", "surdo!", "burro!" (isso, para não citar os palavrões!).

E o jogo todo permaneceu assim. Até que, no meio do 2º tempo, quase fizemos um gol. Houve quem viu a bola entrar e até comemorou. Mas foi só um golpe de vista. A bola foi para a linha de fundo! à torcida, restou aplaudir novamente o quase-gol.

Logo em seguida o juiz finalmente marca uma falta para o Ceará. E dentro da área! É pênalti!! A torcida já comemorava, nem precisava bater. Todos já tinham certeza do placar 1 x 0 e antecipavam a festa que ia ser logo após. Os torcedores estavam todos de pé, esperando o apito.

Eu nem consegui ver o lance, diante de tantos marmanjos à minha frente, impedindo minha visão. De onde eu estava, podia ver o goleiro do Ceará. Fixei-o com o olhar: dependendo da reação dele, seria gol, ou não. E o que vi foi ele pôr as mãos na nuca, e baixar a cabeça, decepcionado. O Ceará acabava de perder a chance de vitória. Todos se sentaram calados, desolados...

Foi aí onde observei a capacidade que os homens têm de se entristecerem, de emudecerem e se chatearem com algo... às vezes os achamos tão duros, incapazes de demonstrar o sentem e pensam. Mas ali no estádio, eles se tornam absurdamente transparentes. Descarregam lá todo o extremo de suas emoções: da euforia à decepção, da torcida ao desconsolo, da alegria à desanimação...

33 mil pessoas em silêncio, inclusive os jogadores. Dava para ouvir o pensamento em comum que ecoava no ar: "não é possível!"

Faltava pouco tempo para encerrar a partida... O jeito era segurar as pontas até o final. A rádio anunciava que, longe dali, em São Paulo, o Ituano ganhava de 2x1 do Fortaleza (arquiinimigo da torcida do "Vovô"). Servia de consolo o fato de empatar, enquanto o rival perdia.

E enquanto todos já se conformavam com o empate sem gols, e o pontinho importante a ser conquistado na tabela do campeonato, eis que o Brasiliense fez o seu gol...

"Quem não faz, leva!", é como dizem. Nessa hora, quem já estava desconsolado e decepcionado ficou tão triste que o "amor" transformou-se em "desprezo"... Muitos se levantaram e simplesmente foram embora, abandonando o time e o resto da partida.

Mas aqueles eram os últimos 2 minutos de jogo. Não havia tempo para mais nada. O juiz apitou e apontou o centro do campo, encerrando a partida. Final: Brasiliense (atual líder do campeonato) 1 x 0 Ceará (que depois dessa, caiu para o 6º lugar).

A volta pra casa foi desestimulante. Ouvi muitos dizerem que nunca mais viriam ao estádio, muitos culparam o técnico que escolheu um jogador que, até a partida anterior era reserva, para bater o pênalti. Outros disseram que o Brasiliense mereceu, afinal era mesmo melhor time. Outros diziam que o problema, mesmo, era torcer pelo Ceará. Nada de positivo. Apenas um comentarista na rádio chegou a dizer que o Ceará havia sido o ganhador moral do jogo, só faltou o gol... Mas isso não servia de consolo para ninguém...

E eu olhava para aquilo, meio sem entender... Afinal, tudo não passava de um jogo, um esporte, uma atividade de lazer, de entretenimento. O pessoal parecia levar muito a sério esse negócio!

Bom, mas eu devo ter sentido a mesma sensação que os homens têm quando não compreendem quando saímos de casa para comprar um sapato e voltamos com vestidos, blusas, bungingangas... Tudo, menos o tal sapato. Ora! Mas era uma liquidação, tava tão barato! Não podíamos perder...