Monday, August 21, 2006

Artista por opção

De forma paradoxal ao que o próprio nome diz, o Centro Federal de Educação Tecnológica do RN possuía nas suas disciplinas da área de humanidades, os melhores professores e curriculuns do estado. As aulas de Educação Artística foram das melhores que já tive em toda minha vida. Tive também uma ótima base em História, Geografia, Sociologia...

E foi durante as aulas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, logo no comecinho do primeiro ano, que iniciou-se a minha paixão por escrever. Lembro-me da minha primeira redação. Quando a professora foi corrigi-la, teceu alguns elogios. A partir daí, passei a escrever mais textos e mostrar para ela avaliar, independentemente de serem ou não tarefas obrigatórias. Ainda havia os casos em que eu escrevia as redações para os meus colegas, abrindo mão da autoria. Daí em diante, não parei mais.

Como todo mundo que gosta de escrever, eu também lia bastante. Não era raro circular com um novo romance nas mãos e sempre arranjar um tempo para ler. E foi num desses momentos que descobri o livro "O Encontro Marcado", de Fernando Sabino. Foi ele que me ensinou o que é angústia, tristeza, frustração... Eu, que até então só via "flores" na vida, acordei para um mundo que saiu das páginas para a minha imaginação, e dela para debaixo do meu nariz: “- Então essa é a realidade!?”. Lembro-me de como chorei lendo esse livro, e de como mudei minha visão de mundo.

Foi nessa época que surgiu a minha sensibilidade para a poesia. As coisas que eu vivenciava se transformavam em metáforas. Surgiram as paixões, os namoros, os conflitos internos e com o mundo, e a vontade expressar em palavras todo o sentimento que transbordava em mim. A vida foi tomando forma, e cada texto foi virando parte de minha memória.

Os anos se passaram, eu concluí meu curso e vim embora para Fortaleza, trabalhar aqui, no ramo industrial. Aos poucos minhas prioridades foram mudando, o dia-a-dia na fábrica requeria apenas os conhecimentos técnicos. Eu sentia falta das redações, dos livros que precisávamos ler, dos seminários, do conhecimento em literatura... E resolvi prestar vestibular para Letras. Uma pena que naquele ano outras tantas pessoas resolveram fazer o mesmo: foi a única vez em que Letras foi o curso mais concorrido. Não passei.

Mesmo assim, decidi seguir com essa vontade de escrever, dando a ela um rumo paralelo em minha vida. Passei a estudar sozinha as regras de Morfologia, Ortografia, Semântica, Sintaxe... Produzia textos, ia a recitais e saraus, participava de concursos de poesia, me denominava poetisa, escritora. Artista.

Conheci pessoas: músicos, cantores, compositores, diretores, atores, pintores, bailarinos, fotógrafos e expectadores. Formávamos o Grupo Kallicháos. Dentre tantas expressões artísticas que partia dos integrantes (músicas, poesias, peças, quadros, coreografias, fotografias), tínhamos um WebZine onde eu também participava como colunista: a cada semana um novo poema ou conto era publicado. Dessa forma, entrei e permaneci no mundo das palavras. Criei meu blog, onde passei a narrar meu cotidiano. E um outro blog que chamei de "Letras Ledianas", para publicar meus textos.

Hoje em dia, o Grupo Kallicháos e nossos encontros ainda existem ao acaso ou na forma de saraus e festas que organizamos, onde passo a conhecer outros artistas; continuo com os blogs, e anoto num caderninho todas as minhas inspirações que em breve virarão histórias e poemas... E escrever virou um hábito, um vício. Se não escrevo, um vazio chega e se instala dentro de mim até que minha inspiração se manifeste e o preencha.

Digo que sou artista por opção porque eu tinha tudo para não me envolver, para não desenvolver esse talento. Mas sempre por livre escolha procurei tornar presente a arte em minha vida, num segundo plano, longe das prioridades e compromissos do dia-a-dia, mas nem por isso menos valiosa.

Por fim, transcrevo abaixo um trecho do que coloquei em meu Fotolog, a respeito deste mesmo assunto:

"Não tenho a intenção de fazer desta escolha um ofício. Para mim, escrever é pura e simplesmente um hobby. Prefiro assim, é meu artifício para escapar da frustração. Primeiramente porque sei que a qualidade do que escrevo não é digna de ter tantos leitores, nem merecem ser pagos por quem deseja apreciá-los. Em segundo lugar, pode parecer paradoxo, mas escolho para minha arte a gratuidade também porque ela possui um valor inestimável. Eu não saberia como vendê-la."

Friday, August 11, 2006

Artista, Atleta, Engenheira

Artista por opção.
Atleta por vontade.
Engenheira por precisão.

Não necessariamente nesta ordem, são esses os caminhos que minha vida segue trilhando. Uns com mais ou menos intensidade, dependendo da época, do meu humor, inspiração ou disposição. São perfis tão diferentes, mas em mim eles se complementam. E assim como um tripé se desequilibra se lhe for tirada uma das pernas, isso também ocorre comigo quando me falta uma dessas características.

Essas três "Ledianas" surgiram quase que ao mesmo tempo, em meados de 1995, época em que eu iniciava meu curso Técnico em Eletromecânica, no CEFET-RN. Pode ter sido por pura coincidência, predestinação ou apenas o curso natural das coisas, do rito de passagem que é a adolescência. Antes disso, confesso, eu era "ninguém". Com o passar do tempo, minha personalidade, atitudes e escolhas foram ficando mais firmes e fortes. E quando saí da escola as três chamas permaneceram acesas e vivas até os dias de hoje.

Nos próximos posts eu pretendo voltar no tempo, e guiá-los numa viagem até os dias atuais, contando de forma paralela o surgimento, a consolidação e a permanência da Artista, da Atleta e da Engenheira dentro de mim. Vão parecer três histórias distintas. Mas trata-se da mesma pessoa, da mesma época.

Até lá!