Friday, October 07, 2005

Relembranças

Muitas coisas andam acontecendo! O tempo tá correndo, e eu com ele.

O que não é mais novidade, é que mais uma vez eu abandonei esse lar, né? Mas estou de volta, e não desisto!

Antes de voltar aqui eu visitei o meu antigo blog. E, fora o fato de que eu acabei desconfigurando-o todo, mexendo aqui e ali, li quase tudo que estava escrito e confesso que algumas palavras até me supreenderam... Tanto porque me sinto um pouco diferente hoje em dia, como porque algumas idéias em mim são realmente imutáveis.

Daí que me veio a idéia de trancrever aqui um texto que criei em 1999 (e que não está lá no outro blog). Era uma carta direcionada a uma pessoa em específico, que nunca chegou a recebê-la.

Acho que a linguagem está um pouco "infantil" (eu adorava uns clichês, naquela época). Mas vale a pena registrar esse texto, pelo que ele quer transmitir. Hoje ele me serve para relembrar qual é a minha essência, quais são as minhas vontades e os meus desejos mais profudos

Sitam-se convidados, e... Boa leitura!


Uma carta nunca escrita para alguém que nunca leu

Fortaleza (CE), 21 de abril de 1999.

Não escrevo para dar notícias. Essa carta tem a exclusiva intenção de mostrar quem sou. Ou seja, quero dizer como eu vejo e percebo as coisas que acontecem ao meu redor. Quero mostrar uma avaliação que eu faço de minha estória.

Existem certas atitudes minhas que as pessoas falam comigo de uma forma como não me conhecessem. Quer dizer, estranham minhas ações. Daí eu respondo: "Mas nem eu sei do que eu sou capaz..."

Isso é verdade! Eu sou capaz de fazer tudo, tudo mesmo, pelos motivos mais variados possíveis (e até sem motivo mesmo). O certo é que eu tenho essa maneira de ser. Não costumo dizer não. De tudo eu quero participar, tudo eu quero experimentar.

Minha consciência se baseia nos meus padrões de certo e de errado, coerente e incoerente, fácil e difícil. E nada mais... É proibido proibir. Não me interessam as coisas que tenho por direito e sim aquelas que eu possuo por conquista, luta, prazer e coragem.

Eu sou grande, me considero muito grande. Como se eu precisasse saber de tudo, compreender tudo, invadir o mundo das pessoas e perguntar: "Por quê?".

Mas isso não significa que eu queira mudar o mundo. Longe disso!

Minha busca incessante é pela VERDADE. A verdade que está presente em todos, e em tudo: num pôr-do-sol que presenciamos, numa lágrima que vemos cair, nas emoções que expressamos, enfim... Observar tudo isso pra mim é fácil e necessário, como se fosse uma missão a cumprir. Nessas horas sinto-me imune à vida terrena: vendo as pessoas agirem com movimentos simulados. Como num jogo, fazem tudo por conveniência, se esquivam de muitas emoções que possam vir a sentir. Isso não é pra mim... Não sei ser assim.

Todo esse abstracionismo me eleva, me deixa longe da vida real. Me considero diferente, sim! Isso acontece sempre. A todo momento procuro me alocar, me agregar ao ambiente em que me encontro. Mas é um esforço inútil. Mas cedo ou mais tarde olho pra mim e me vejo só: completamente só... Nunca por opção, sempre por natureza. Isso já foi pra mim um grande problema. Mas foi preciso que eu me adaptasse.Eu consegui conviver com essa solidão. Mas também foi preciso, como consequência, que eu modificasse minha forma de pensar.

Antes eu pretendia uma isolação total. Me privar das pessoas e simplesmente observá-las (foi aí onde surgiu o pseudônimo "Artista Autista", eu tinha a intenção de criar meu próprio mundo nas letras: loucura!), fugi de amizades e relações mais próximas.

Depois percebi que esta atitude era um tanto improdutiva e sem vantagem alguma. Houve uma época em que eu lia Carlos Drummond de Andrade e foi através dessa leitura, incentivada por ela, que decidi me juntar às pessoas, absorver o "Sentimento do Mundo" e me integrar de uma maneira geral às coisas que eu presenciasse. Sobretudo, aceitei minha condição de ser humano.

Essa nova maneira de ver o mundo só seria realmente eficiente se existisse dentro de mim um espírito de Liberdade Intensa Fundamental. Liberdade sim! Solidão jamais! Nessa lei eu me baseio agora.

Eu sou livre e responsável pelo meu destino. Tenho de escrevê-lo por meu próprio punho. As decisões tomadas devem ser rápidas, precisas e eficientes.

Toda essa transformação se intensificou quando finalmente eu saí de casa, do berço da família. Eu comentava como eu achava a vida difícil. Meus caminhos eram muito complicados. Difíceis de entrar e impossíveis de sair.

É verdade! Eu não escolhi viver assim. Fui levada, por forças maiores do que eu, a aceitar minha condiçães, meu passado. Eu não soube escolher: fui escolhida.

Tudo isso são coisas nas quais eu acredito. Essa é a minha verdade. Não tenho a intenção de me proteger dos problemas do mundo e sim a de aparecer para eles. Quero ser transparente, previsível, fácil de conviver, de entender.

Peço apenas que não me prenda, deixe-me livre. Entretanto nunca me deixe só. Há algo mais além dessa pequena vida, algo em que só quem é digno tem o direito de descobrir.

Agora, faça de mim o que quiser: essa sou eu!

Saudades.

Lediana Carvalho.

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