Thursday, October 27, 2005

Esse cara sabe das coisas...

Meninos, leiam e aprendam!

Não pedi autorização ao autor, mas que fique claro aqui que é dele todos os créditos desse texto abaixo.

Copiei e colei daqui (não sei se é exclusivo para assinantes, mas...):
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CONSULTÓRIO POÉTICO
(PARA COMPLICAR O QUE JÁ ESTAVA COMPLICADO)

Sinal de que ela não gosta de você
Fabrício Carpinejar


"O que fazer quando a pessoa não te quer mais (apesar de ela nunca ter lhe dito exatamente isso) e mesmo assim tu és movido por uma força maior (entenda-se maligna) de que ela o quer, e você age e entende como se ela (ainda) não soubesse disso, estivesse em seu inconsciente, e só você (como uma espécie de dono da Matrix) é capaz de vislumbrar o sentimento que a pessoa nutre por ti. Será imaginação? Intuição errada? Existe um 'sinal-ela-não-gosta-mais-de-você'?"
Camilo
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Camilo, posso dizer que nada é definitivo, nem a primeira impressão. Eu sempre fui na adolescência o confidente das meninas. Escutava as impressões delas sobre meus amigos e não era visto como homem, mas como um anjo (ou seja, sem sexo). Se queria namorar uma delas, era obrigado a me calar e sofrer em segredo. O que pretendo expor com esse exemplo pessoal? Não se pode se fixar em um papel, senão estará morto. É preciso surpreender e mudar, mesmo que seja a cor do cabelo. Se a mulher acha que conhece você, não existe mais possibilidade de encantamento. Comece de novo, portanto. Seja misterioso, imprevisível. Esqueça o passado. Pelo jeito que conta, é óbvio que ela não está curtindo. Já acenou um afastamento. Nem adianta fazer ciúme, que ela não entrou em seu jogo.

Quais os sinais de que ela não gosta de você? Rir pouco. Quando apaixonados, qualquer bobagem é motivo de risada. É um estado de insana identificação. Mulher apaixonada vive procurando sintonia fina e semelhanças, como se o universo conspirasse a favor do relacionamento. Todo elo será festejado como um sinal divino. Outra coisa: ela se importará com suas palavras. Olhará para sua boca na hora de falar, numa hipnose de lábios. Caso ela virar longamente para o lado, não está mais a fim ou você está com feijão nos dentes. Ela também se importará em não demonstrar o que está sentindo. Tentará conter o ímpeto, que agravará a tensão.

A volubilidade e a mudança de opinião são características sadias do amor. Alterará a reação contigo subitamente. Telefonará para não falar nada de importante. Um bordão típico: "liguei para apenas saber como você está". Ninguém liga sem motivo, a não ser sofrendo de amor.

O apaixonado não tem outra profissão além de alimentar o amor. A indiferença ou a cobrança exagerada significam provas de que não existe o sentimento. A indiferença é ainda o pior dos sintomas, pois vem junto com o desprezo. Ela é capaz de ferir sem notar, não há interesse em agradar. Uma ilustração: ela avisará que tem outros compromissos e não pode sair. Quem não tem tempo não tem eternidade. Evasivas são utilizadas como modos educados de dar o fora.

A verdadeira resposta da recepção reside na opinião da melhor amiga dela. Repara o jeito como a amiga o trata e descobrirá o futuro da relação. A amiga é como uma advogada, um plantão médico, recebe os segredos com detalhes, conhece minuciosamente os motivos e os medos. Na hipótese da mulher gostar realmente de você, a melhor amiga o tratará com efusão e simpatia, quase dizendo: aproveita, aproveita. Diante da opinião diversa, ela não medirá esforços para mostrar que você é um chato.

Pode mandar cartas com suas dúvidas de relacionamento. Tentarei responder aqui ao longo da semana.
E-mail: carpinejar@terra.com.br
Site: http://www.carpinejar.com.br


Fabrício Carpinejar, poeta e jornalista, 32 anos, quando sério é engraçado, quando engraçado é sério. Deu certo porque aconteceu tudo errado. Tem pés chatos, nariz torto e acorda a mulher de madrugada para discutir o relacionamento. É um homem com defeito de fábrica: adora lojas. Falava errado até os oito anos. Sua fonoaudióloga receitou que usasse bico enquanto seus colegas ostentavam aparelho. Preferiu falar errado. Todo mundo dizia que poeta é sofredor e romântico, não conseguiu convencer ninguém do contrário e aderiu ao lado mais forte. É, portanto, sofredor e romântico. Acredita que até para sofrer tem que ter estilo. Não se sofre de qualquer jeito. Aprendeu a fazer mapa astral, mas teve que devolver o livro para a biblioteca e não interpretou o big-bang pessoal. É autor dos livros "Como no céu/Livro de Visitas" (Bertrand Brasil, 2005), "Cinco Marias" (Bertrand Brasil, 2004), "Caixa de sapatos" (Companhia das Letras, 2003), "Biografia de uma árvore" (Escrituras, 2002), "Terceira Sede" (Escrituras, 2001), "Um terno de pássaros ao sul" (Bertrand Brasil, 2006) e "As Solas do Sol" (Bertrand Brasil, 1998)

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