Friday, October 01, 2010

Resgate

Mais de um ano se passou desde minha última postagem. Por sinal, uma postagem decepcionada, desistente (quem leu, deve ter percebido). 2009 foi um ano difícil: altos e baixos; recompensas e castigos. E aconteceu mais de uma vez.

É doloroso ter a consciência de que minhas escolhas e atitudes talvez tenham feito mal a outras pessoas, não por intenção, mas por consequência natural (faz diferença justificar?). Prefiro não contar histórias das quais não me orgulho, e seria hipocrisia narrar apenas a parte boa.

E, já quase no encerramento de 2010, tento me abster dessas culpas, seguindo adiante, buscando também a serenidade ao receber os méritos. Sem alardes, entendendo o equilíbrio das coisas.

É hora de ir. Dessa vez sem novidades, sem heroísmos, martírios, nem vitimizações. Hora de seguir o curso da vida e seu mistério que se renova a cada dia.

Nos vemos no meio desse caminho.

Sunday, July 19, 2009

Em busca da alma perdida

Tal como Raul na canção "Ouro de tolo", eu confesso abestalhada que estou decepcionada com o mundo ao redor e sobretudo comigo mesma.

Reconhecer a minha incapacidade, minhas fraquezas e minha ineficiência diante de tudo o que planejo e sonho, chega a ser constrangedor. Eu fico envergonhada por ser eu.

Igualmente triste é ver as mesmas limitações em outras pessoas. E não digo isso na intenção de me defender ou me justificar. Pelo contrário, lamento o fato de não encontrar alguém que "se salve", um exemplo a seguir.

Não escrevo na intenção de julgar, avaliar, muito menos condenar nada, nem ninguém. Também não posso falar do que não vi ou do que não sei. E não sou dona da verdade absoluta. Quero apenas relatar o que presencio, o que percebo. Tudo o que conheço está, de alguma forma, errado.

Ao mesmo tempo, tenho a sensação de que parece absurdo - ou pretensão - chegar a essas conclusões no auge de minha juventude.

Mas a juventude agora me parece uma máscara, uma ilusão, que eu mesma faço questão de tirar de mim. E assim, perde-se a fantasia, a inocência, a ingenuidade. Vai-se o amor romântico, o castelo, o príncipe e o cavalo branco.

Não escrevi um livro. Não plantei uma árvore. Não tive um filho. Acredito ser uma grande inutilidade deixar heranças para um mundo que fatalmente irá ruir, irá morrer, fazendo cair por terra qualquer luta, qualquer esforço.

Restou-me a realidade, tão insensata como sua ausência. E tudo perde o sentido. A vida resume-se a permanecer acordada enquanto o sono não vem. Nesse meio tempo, desejos e vaidades pedem satisfação. O dia se transforma num jogo entre resistir e ceder a essas efemeridades.

Essa vida real enjôa-me, dá-me náuseas. Estamos maculados por nossos repentes, nossas imperfeições. Humanos. Iguais. Sinto que já não há uma marca para deixar, diferença a fazer, nem mesmo sonhos a perseguir e realizar.

Mas sei também que todo esse inconformismo é interno. O que percebo do lado de fora nada mais é do que um reflexo do que se passa aqui dentro. É necessário uma procura, torna-se necessário um encontro comigo mesma. Definir, quem sabe de uma vez por todas, o que me faz viver.

E esta música é a que melhor ilustra a ideia:



GAINED THE WORLD
Morcheeba


I heard I lost it
On the grapevine
I must admit
I had a great time
There are words for people like me
But I don't think there's very many


I've gained the world then lost my soul
Maybe it's cause I'm getting old
All the people that I know
Have gained the world then lost their souls


There's no persuasion that I'm into
I've made some sense of what we've been through
We should form a new foundation
If we could find the right location

Is it prey
On display
I'm feeling well

I've gained the world then lost my soul
Maybe it's cause I'm getting old
All the people that I know
Have gained the world then lost their souls

Thursday, July 16, 2009

Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é.

Clarice Lispector

Thursday, June 25, 2009

O Universo conspira

Não posso começar essa história sem voltar bem antes no tempo. Mais precisamente dezembro/2005. Ou ainda antes: desde 2004, quando minha irmã foi aprovada e convocada no concurso da PETROBRAS. Participar da conquista da minha irmã me motivou a seguir o exemplo e buscar também a minha vaga.

Não foi tarefa fácil. De lá pra cá prestei 12 concursos. Colecionei expectativas, sortes, fracassos, boas colocações e também reprovações. Por muito tempo permaneci no "Quase!". Mas tudo serviu de base e aprendizado para a tentativa seguinte. E na verdade, admito que somente em 2008 eu me sentia efetivamente preparada e focada em minha aprovação.

Em outubro de 2008 recebi em casa o primeiro telegrama de convocação para exames médicos admissionais. Nada certo ainda. Eu fazia parte do cadastro de reserva, e a certeza da minha contratação só viria a partir de uma necessidade da empresa ou desistências dos primeiros classificados. Mas tudo foi questão de tempo, acompanhei a convocação das pessoas classificadas à minha frente. E a cada mês a dúvida foi se transformando em certeza.

Finalmente em março de 2009, recebi o telegrama final, me convocando para assinatura do contrato. Em abril me mudei para o Rio de Janeiro, onde estou fazendo o curso de formação para o exercício da minha função: Técnica de Operação Jr., na Transpetro. Em agosto partirei definitivamente para Macaé-RJ, cidade onde escolhi trabalhar.

Um passo dado, um objetivo alcançado, sensação de dever cumprido e a lição aprendida de nunca desistir daquilo que desejo verdadeiramente. E nada para por aqui, tudo é apenas o começo. Daqui pra frente são novos rumos, novos planos, novos sonhos... E mais vontade, mais fé em realizar!

Thursday, March 12, 2009

28 anos completos!

Encerro a velha idade tentando decrevê-la: sem dúvida, o último ano foi para mim o da consciência. Jamais estive tão lúcida como agora.

Ao mesmo tempo, quanto mais eu percebo, entendo e compreendo as coisas como são, sinto-me tal e qual Sócrates e suas razões ao constatar "- Só sei que nada sei".

Viver é um eterno aprendizado. Sinto que não existirá o dia em que poderei dizer: "- Estou pronta!".

O que eu espero, o que me espera? Não sei. Mas desejo mais do que nunca: VIDA! Pra sorrir, chorar, curar, esquecer, lembrar, viajar, correr, caminhar, dançar, abraçar, fotografar, conhecer, amar, ver, ouvir, falar, sentir e continuar...

Mil beijos! E obrigada pelos parabéns aqui, no orkut, no happy hour de ontem a noite, no telefone, no email, no sms, nos abraços, na amizade, no carinho, no amor...

Friday, February 20, 2009

Atualizando

2009 é um ano que promete. Mas, como diria Chico: "nada é pra já!"

E eu sigo exercitando a paciência esperando meus dias "D", assim mesmo no plural. Só torço para que o Universo continue a conspirar e que esse futuro iluminado não tarde tanto.

Enquanto isso, aqui no mundo real, a vida segue em frente. São Paulo já não me assusta mais. Já ensino endereços às pessoas, ando de ônibus pra lá e pra cá, e aderi ao movimento "Use Bike" fazendo algumas vezes na semana o percurso casa-trabalho-casa de bicicleta. Sim, pedalando nesse trânsito caótico da metrópole.

Mas, Humberto Gessinger canta: "Essa São Paulo são tantas cidades...", e eu concordo e reconheço que esta é apenas a minha pequena província, meu pequeno mundo. Ainda há, e sempre haverá, muito a se conhecer, viver e conviver por aqui.

Em meio à calmaria, a internet trouxe agradáveis surpresas para esse meu comboio de cordas que gira, a entreter a razão (parafraseando a autopsicografia de Fernando Pessoa)...

E a novidade é que após 7 meses de ausência, retorno à Fortaleza para curtir o carnaval e reencontrar velhos e novos amigos. Com que olhos enxergarei a terra que um dia chamei de lar? Sentirei-me em casa, ou apenas de passagem?

Tudo cenas dos próximos capítulos...

Para embalar o post, uma música que lembrei no momento em que escrevi a frase: "São Paulo já não me assusta mais"

ME GUSTA
Christiaan Oyens e Zélia Duncan


Estou me acostumando comigo
Revendo a casa, os vizinhos
E os vazamentos
E isso já não me assusta mais

Estou me acostumando contigo
Revendo palavras sem modismo
Olhares antigos
Nas frases que você agora traz

Se volto pra mim
Pouso na terra
E é macio saber
Que isso não me assusta
Que já não me assusta
E me gusta voltar

Beijos!

Sunday, January 04, 2009

Retrospectiva 2008: o ano da CORAGEM

Em 2008 me deparei com situações as quais no passado eu temia que acontecessem. E me surpreendi com a capacidade de enfrentá-las e seguir em frente. Foi também o ano em que eu consegui pôr em prática muitas atitudes, projetos que estavam engavetados, esperando apenas meus primeiros passos para se tornarem realidade.

Em Janeiro, o Reveillon em Pipa - RN foi novamente o melhor jeito de começar o ano. A viagem, a turma no camping, as fotos, as amizades cada vez mais enlaçadas, as boas companhias, enfim, toda a alegria vivida ali foi um prenúncio da agitação que seria todo o decorrer do ano.

Fevereiro trouxe um carnaval caseiro, momento em que preferi fazer uma faxina geral na minha casa e na minha vida, e iniciar o ano de fato! Comecei a estudar para o Concurso da PETROBRAS e vi a partir daí minha vida girar em torno das conseqüências desta prova e seu resultado.

O mês no meu aniversário, Março, seria também o mês em que a prova da PETROBRAS aconteceria, porém, uma ironia do destino fez com que a prova fosse adiada para...

... Abril. E, coincidência ou não, foi também o mês em que fui demitida da Esmaltec, mais precisamente uma semana antes da prova. A prova... Na verdade, era somente com ela que eu me preocupava à época. A demissão foi inclusive comemorada, pois assim eu teria uma semana inteira livre para estudar. Fui confiante para Macaé-RJ e fiz uma das melhores e mais tranqüilas provas, desde que virei concurseira. Mas não seria fácil derrubar 12.000 concorrentes, eu sabia disso. No dia do resultado constatei que havia sido aprovada, sim, porém, numa classificação superior ao número de vagas. Mesmo assim não tão longe, o que me dá até hoje a esperança de convocação.

Maio foi um mês de recomeço. Parei, olhei ao redor e vi as possibilidades que eu tinha. Decidi que não ia procurar emprego naquele momento. Há um tempo eu já convivia com a vontade de fazer algo diferente da minha experiência profissional, aprender coisas novas, me envolver com outros ramos de atividade. Mas não sabia ainda o quê. E enquanto eu não me decidia, resolvi relaxar... E numa bela tarde de uma terça-feira qualquer, sem muito planejamento ou finalidade específica, fui à pista de Atletismo do Colégio Militar, conversar com meu amigo a eterno treinador Edilson sobre tudo que andava acontecendo comigo ultimamente. Óbvio que como educador físico, o conselho dele foi: "- Corra!". Conselho esse que eu passei a seguir desde então.

Em Junho tive mais 2 concursos que me surpreenderam negativamente. Um em Salvador-BA e outro novamente em Macaé-RJ. Pensei que estivesse bem para fazer a prova, mas nem cheguei a me classificar em nenhum dos dois. Concursos são realmente uma "caixinha de surpresas"! O melhor da experiência na verdade foi fazer mais uma viagem para a animada Salvador e conviver com seus moradores sempre de alto-astral contagiante, e passar uma semana em Macaé, cidade que um dia certamente irei morar, ou ao menos trabalhar.

A revolução do ano aconteceu em Julho. Quando os treinos já estavam virando uma doce rotina, eis que surge a turnê nordeste dO Teatro Mágico e minha aventura de "fugir com o circo" seguindo com a trupe e trabalhando com eles em todas as cidades da turnê: Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió e Salvador. Uma experiência única que agradeço muito ao Universo e seus acasos por ter-me possibilitado. A viagem rendeu as portas abertas para que, caso eu tivesse vontade de ir para São Paulo, poderia continuar o trabalho iniciado durante a turnê. Passei algumas semanas em dúvida sobre dar ou não esse passo tão importante e ao mesmo tempo tão incerto. E como se não bastasse, no meio dessa simples dúvida entre ir ou não, recebi uma proposta de emprego tentadora! Apesar de tudo conspirar para a mudança não acontecer, resolvi encarar o desafio e partir para São Paulo de mala e cuia, sem intenção de retorno.

Agosto, meu primeiro mês em São Paulo, foi repleto de novidades. Eu ainda me sentia uma turista deslumbrada. Parecia mesmo que a qualquer momento tudo ia acabar, pois era assim que eu estava acostumada a essa cidade: ficar um tempo e depois ir embora. Então a regra era aproveitar ao máximo tudo que eu pudesse! No começo era tudo ótimo, excitante, eu diria.

O tempo foi passando e chegou Setembro. E fui me dando conta que eu estava ali para ficar. Cada vez mais envolvida com o trabalho, os amigos, a cidade, fazendo novos amigos, novas turmas. E essa certeza me deixava até mais feliz, e ainda com aquela idéia de que tudo era lindo e maravilhoso, tudo era possível e nada poderia me abater.

E foi em Outubro que eu "acordei" e percebi finalmente que nada aqui é diferente de todas as experiências que já tive, de todos os aprendizados que necessito. Pois sou a mesma Lediana. Mudou o lugar, mudaram as pessoas, mudaram os movimentos, mas no fim tudo parece se repetir: mesmos conflitos, mesmas confusões, mesmas ilusões... Com isso tive a oportunidade de lidar com sensações e sentimentos que fundamentaram aprendizados antigos, e fizeram me deparar cada vez mais comigo mesma, e minha essência. Em suma, defini: "Ok, é preciso sobreviver, mas São Paulo não vai tirar leveza com que enxergo a vida, São Paulo não vai me endurecer, como faz com tantos outros nativos e imigrantes."

Após essas conclusões e decisões, Novembro resumiu-se à minha dedicação total ao trabalho. Foi bom pra poder dar um tempo em tudo, criar novos hábitos, e esperar...

... Para que em Dezembro chegasse a merecida folga e a possibilidade de pôr em prática um antigo sonho: participar da São Silvestre. Estando São Paulo, eu não iria perder a oportunidade. E os dias que antecederam a corrida foram, sem dúvidas, os melhores do ano. Onde pude experimentar sensações de auto-afirmação, amor-próprio, autoconfiança... Tudo embalado pelas corridas diárias que decidi fazer em preparação para o dia 31. Percebi, de uma vez por todas, que é correndo que eu me encontro. Endorfina é o meu vício! E é quando ela me falta que as coisas se desequilibram. E a São Silvestre foi ótima, muito melhor do que eu imaginava! Mas tenho que criar outro post para falar sobre ela, senão este aqui perde o seu foco.

O Reveillon foi na beira-mar do litoral paulista. Um pouco diferente do que eu estava acostumada... Mas o saldo foi positivo, apesar de alguns pesares.

Por fim, o ano encerrou-se com portas abertas para um futuro desbravador! Em 2008 eu ultrapassei limites sei que posso ir ainda mais além!

Wednesday, December 31, 2008

2009

As resoluções para 2009 já estão muito bem desejadas, definidas e planejadas. E o melhor é que as boas novas chegaram antes mesmo do ano começar!

Que seja o ano da REALIDADE. Chega de estacionar em sonhos e fantasias... Tudo pode acontecer, basta querer!

E a música para o meu Reveillon é:

CUIDE-SE BEM
Guilherme Arantes

Cuide-se bem!
Perigos há por toda a parte
E é bem delicado viver
De uma forma ou de outra
É uma arte, como tudo...

Cuide-se bem!
Tem mil surpresas
A espreita
Em cada esquina
Mal iluminada
Em cada rua estreita
Em cada rua estreita
Do mundo...

Pra nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...

Cuide-se bem!
Eu quero te ver com saúde
E sempre de bom humor
E de boa vontade
E de boa vontade
Com tudo...

Pra nunca perder
Esse riso largo
E essa simpatia
Estampada no rosto...


Feliz ano novo para todos nós!

Thursday, December 25, 2008

O pior dos pecados

Abaixo transcrevo um poema cujos trechos insistiam em invadir minha memória. Precisei copiar não somente o poema como também uma breve explicação do que ele quer transmitir. E, para mim, trazê-lo para cá tal como encontrei na internet, é também uma metáfora, que explica, melhor do que qualquer outra justificativa, a estupidez do meu post anterior: pura vaidade.

Relendo o que escrevi, parece-me que tentei transferir a responsabilidade dos meus conflitos e as conseqüências de minhas escolhas para as outras pessoas, e para os últimos acontecimentos.

Mas agora me dou conta de que não devo posar de "vítima das circustâncias". Também não adianta bancar a revoltada com o mundo, e reagir como se fosse realmente necessário uma resposta.

Por que não há respostas, talvez nem mesmo perguntas... Há a Vida, o Universo, e Eu no meio disso tudo...


DOS DESENGANOS DA VIDA HUMANA, METAFORICAMENTE
Gregório de Matos


É a vaidade, Fábio, nesta vida
Rosa, que de manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza,
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?


O próprio título do soneto, "Dos desenganos da vida humana, metaforicamente", alude ao emprego intensivo da metáfora. O poema se entretece a partir de três metáforas da vaidade: rosa, planta, nau (navio), que têm duração efêmera, ainda que se suponham eternas.

Primeiramente são mostradas as qualidades de cada um desses elementos metafóricos. Como a rosa, a vaidade "rompe airosa" (elegante); como a planta favorecida pelo mês de abril (quando é primavera na Europa), ela segue rapidamente, feito uma "galeota empavesada" (embarcação enfeitada); como uma nau ligeira, preza alentos e galhardias (elogios e elegâncias).

Observe que as metáforas são colocadas nos versos 2, 5 e 9 e, após retomadas nos versos 12 a 14, quando, no último terceto, o poeta as dispõe em ordem decrescente, inversa: a penha (pedra) destrói a nau, assim como o ferro (instrumento de corte qualquer) destrói a planta e a tarde (o tempo que passa) destrói a rosa. A conclusão a que se chega, portanto, é que a vaidade é frágil e efêmera.


Créditos: http://www.geocities.com/alcalina.geo/39litera/barroco.htm

Sunday, December 21, 2008

"Em Roma, como os romanos"

Como não podia deixar de ser, São Paulo vem me trazendo algumas surpresas. Apesar dos meus vinte e sete anos, e toda a bagagem que a idade pode me dar, não é de hoje que sempre me comporto como uma aprendiz, e aberta a novas vivências.

Também é fato que as novidades que venho presenciando estão me fazendo sentir novamente como uma criança que aprende seus primeiros passos depois de tantas quedas, ou que pronuncia palavras e gestos novos através da observação e imitação dos outros à sua volta.

É bem verdade que a cidade, a vida que eu passei a levar, a atitude de chegar até onde cheguei, me fizeram sentir "livre, leve e solta" na metrópole, mais uma na multidão que não seria notada por suas ações e reações...

Mas, que nada! As pessoas têm olhos, ouvidos, bocas, opiniões e preconceitos maiores do que eu podia imaginar. É o Lobo Mau e eu a Chapeuzinho Vermelho.

Em suma, me surpreendi comigo mesma, com meu amadorismo e reações tão "verdes" a situações que em outras condições eu tiraria de letra. Mas tudo bem, vamos em frente, como diz a música: "Levanta, sacode e poeira e dá a volta por cima".

Tão ingênua. Tão ingênua eu fui em meus primeiros movimentos... E foi preciso mesmo um tempo para as coisas se ajustarem e eu poder entender melhor tudo o que estava acontecendo, e até que ponto havia equilíbrio entre o que eu estava sentindo e pensando, e a realidade que estava ao meu redor. E só depois disso eu tive condições de escrever a respeito.

Escrever e aprender que estou na cidade das aparências, da adaptação e submissão à vida em sociedade e da necessidade de se adequar a essa rotina, a essa atuação.

Sim, tornei-me uma atriz para ser aceita, enfim, para ser. Ledo engano achar que me sentiria plenamente satisfeita ao expor como realmente sou...

Mas deixo claro que não chego ao ponto de ser uma fraude, uma farsa. Eu diria que meu comportamento hoje é igual à mesma criança, agora adaptada, após se deparar com uma série de processos educativos. E não exerço resistência a essa nova condição. Pelo contrário, vou dançando conforme a música, ciente de que estou num teatro...

Confesso que não sou fã desse espetáculo muito menos de minha personagem. Mas ao menos estou aprendendo, como sempre, e colhendo os frutos de fazer bem feito o exercício, o dever de casa.

Quanto ao meu "Eu", meu "Ego" minha "Essência"... Percebo que quanto mais represento, mais entro em contato com tudo que está dentro de mim. E é o que importa, sinceramente. Passam a ser segredos que guardo comigo mesma, e que não dizem respeito a mais ninguém.

E para encerrar, assim mesmo sem fim, segue uma das músicas que embalaram esse post:

HUMANO DEMAIS
Gessinger

De tudo que é humano nada me é estranho
se o mar não tá pra peixe desse tamanho
eu não esquento, eu não me iludo
eu troco em miúdos o primeiro toque
e nada pode ser maior

de tudo que é humano nada me é estranho
fruto e semente...criatura e criador
as curvas da estrada...as pedras no caminho
os filmes de guerra e as canções de amor
nada pode ser maior

de tudo que acontece nada me surpreende

tudo me parece !tão normal!
um big mac...maktub...
drops de Deus...filosofia fast-food
nada pode ser maior

não é ciência exata, não acontece em tempo real
é demais !humano demais!
não é ciência exata, não acontece em tempo real
é demais !animal!

e agora somos só nós dois: eu e minha circunstância
sempre foi só nós dois: eu e minha circunstância
sempre só nós dois: eu e eu e eu e eu eu...