Saturday, April 08, 2006

1, 2, 3, 4!

Medo, raiva, alegria e tristeza. Essas são as quatro emoções que regem nossas atitudes. Todos os dias de nossa vida nós as sentimos em maior ou menor intensidade. E são elas que nos fazem agir ou parar no tempo. Tal como as estações do ano, não podemos evitar que estas sensações aconteçam. Assim como não podemos optar por não sentir frio ou calor, não podemos simplesmente escolher: "- Não quero sentir medo!"; ou determinar: "- Quero ficar alegre, agora!" Este controle está além do nosso consciente.

União, comprometimento e ação. Essas três palavras e seus significados sendo bem mantidos e repetidos em nossa mente consciente, são capazes de nos ajudar a administrar bem, e cada vez melhor, as emoções. Por exemplo: quando eu sentir medo, não poderei evitar, mas se eu me comprometer a trabalhar esse medo, aceitá-lo, encará-lo e agir todos os dias, unindo forças para um dia enfrentá-lo, poderei vencê-lo, certamente.


Sexta-feira, 31/03/2006, 21h29min. O treinamento DL - Desenvolvimento e Liderança - se iniciava no Hotel Porto D'Aldeia. Nós éramos a turma DL-38. 63 pessoas em busca de evolução pessoal e profissional. Ninguém sabia direito o que aconteceria dali em diante. Seriam mais 34 horas rumo às surpresas e desconhecidos. Eu já sabia que o treinamento se daria através de dinâmicas em grupo e individuais, que despertariam em mim as 4 emoções acima descritas. Mas não sabia como isso ia acontecer.

Os meus amigos que já haviam participado não podiam, não deviam e nem quiseram me dizer. Isso porque o elemento surpresa também faz parte do treinamento (portanto, também não falarei aqui como as coisas aconteceram). Assim, eu decidi assumir uma postura aberta ao que estivesse por vir. O tipo que paga pra ver. Não cheguei ao ceticismo. Na verdade, o que fiz foi criar algumas expectativas.

Logo de cara fomos apresentados a essas afirmações sobre "Medo, raiva, alegria e tristeza" e "União, comprometimento e ação". O objetivo principal do treinamento foi, desde o início, enraizar essas idéias em nossa mente. E eu posso dizer, sem pestanejar, que esse objetivo foi cumprido totalmente.

É incrível como um fim de semana me fez reviver vários momentos marcantes de minha vida. Foi bom perceber que tudo se transformou em agradáveis lembranças e páginas viradas, como têm que ser. Bom também foi perceber que eu não tenho nenhum bloqueio, nenhum trauma de infância ou mesmo timidez, insegurança... Eu não tinha nem tenho nada disso!

Escrever me ajuda a compor as idéias que meu inconsciente quer me transmitir. Cada ponto desse que enumerarei abaixo merece um post específico, para explicar melhor as conclusões nas quais cheguei. Tudo faz muito sentido para mim. Mas para olhos alheios, que não me acompanharam nesses 25 anos de existência, pode ficar mais difícil compreender. Então, segue uma síntese do que o último fim de semana me fez descobrir:


1) A preguiça era minha principal ferida. É o que me fazia parar no tempo. No fundo, tudo o que eu desejava era que as coisas acontecessem sem que fosse preciso a minha interferência. Hoje eu sei que não pode ser assim, não precisa ser assim. Eu posso agir, arcar com as conseqüências de meus atos e ser feliz dessa forma, e não apenas ficar lamentando por tudo o que poderia ter sido, e não foi.

2) A maior tristeza da minha vida foi, de fato, tomar a decisão de sair de casa. O ato de ir embora já não foi tão doloroso. Mas as circunstâncias que deixaram ser inevitável a despedida é que foram tristes demais. Mais do que um ato de rebeldia, ir embora foi me dar conta de que a vida não era o conto de fadas que até então havia sido implantado em minha mente. Não foi o meu pai, ou minha mãe, nem foi sequer de forma proposital. O conto de fadas foi criado por mim mesma, pelo meu inconsciente, pelo desejo que eu tinha de ser feliz, de estar ao lado de uma família harmoniosa, assim como eu via em tantos lares... Criei esse mundo de sonho na minha cabeça e convivi com ele por muitos anos. Um dia eu acordei. E esse foi o dia mais infeliz da minha vida.

3) Já o momento mais feliz da minha vida foi, sem dúvida, a minha infância. Não houve um momento específico, mas sim uma época. Mais precisamente os meus 10 anos de idade, quando eu já saía de casa sozinha de ônibus para ir à escola, tinha grandes amigos na minha rua, um pai amoroso, uma mãe dedicada, enfim, a família harmoniosa dos meus sonhos... Foi um tempo em que a minha mente me deixava viver o tal conto de fadas de forma plena. Hoje já não sei dizer se tudo o que eu vivia naquela época era real ou se já era fruto de minha imaginação. Tantas coisas aconteceram e eu apenas aproveitava o momento, como uma espectadora cheia de entusiasmo.

4) Depois de saber desses dois momentos tão marcantes, consegui estabelecer uma interligação com a minha maior ferida, a preguiça. No fundo, no fundo, sempre guardo em mim esse desejo de criança, essa vontade de deixar o mundo me guiar... Sempre fui apaixonada pelo acaso porque ele não requer esforço algum, simplesmente acontece. Não é à toa que o momento mais infeliz da minha vida foi tomar uma atitude que seria inevitável, que não haveria outro jeito de ser, pois a situação já havia chegado a um nível insustentável. E até também, a preguiça (olha ela aí!) de ficar e lutar para conseguir conquistar uma família tal e qual eu tanto desejava, me fez ir embora, fugir pra longe e esquecer que um dia morei ali...

5) Mas tudo isso é passado, e não é de todo ruim. Fazer o que fiz me deixou mais livre, mais responsável, mais forte. Sabe-se lá como seria minha personalidade hoje se eu tivesse agido de forma diferente. Não adianta querer reverter tudo o que já se passou. Perdoar e pedir perdão vai ajudar a trazer a paz, claro, mas não soluciona o problema nem cura a ferida. O que eu preciso é agir daqui em diante, trabalhar essa preguiça que não se limita apenas a esses fatos, mas está hoje em todos os campos da minha vida: pessoal, profissional, afetivo, físico, mental, espiritual... Enfim.

6) A partir dessas constatações, cheguei a outra conclusão: ter me desvinculado precocemente do seio familiar me tornou carente do amor paterno e materno. Desde então eu sempre segui no mundo em busca de um tutor que representasse para mim esse afeto. Me surpreendi ao me dar conta que, mesmo sem perceber plenamente na época, eu o encontrei em adultos que me ensinaram muitas coisas sobre a vida e me guiaram por caminhos certos e justos: professores, pais de amigos, colegas de trabalho. Não foi uma pessoa em específico. Mas sempre houve e sempre haverá alguém mais maduro a me ensinar. Sem falar que hoje em dia, também posso ser meu próprio guia, minha mestra... E saber que rumo tomar. Definitivamente, a solidão não é ruim. Nas vezes em que eu me ver sozinha, posso confiar em meus próprios passos pois neles eu também confio. E mesmo quando eu não souber para onde ir, posso arriscar dar um passo à frente, com cuidado, e com a esperança de que lá na frente existirá algo ou alguém que me indique sutilmente o que me espera no futuro.

7) Sobre liderança e trabalho em equipe, confirmei o que eu já imaginava a meu próprio respeito: eu me sinto muito à vontade nos "bastidores" durante a preparação de um trabalho, faço tudo para que nenhum detalhe seja esquecido e colaboro com tudo o que estiver ao meu alcance. E percebi que numa equipe heterogênea, consigo ser um elo de equilíbrio para cada um dos participantes. Mas na hora de "brilhar", prefiro passar a bola para outra pessoa. Não consegui descobrir a razão disso, talvez tenha algo a ver com a tal preguiça.

8) Ao mesmo tempo, foi muito gratificante perceber minha disposição num determinado momento do treinamento quando me foi solicitada uma tarefa que dependia apenas de mim. No fim das contas, tive a capacidade de me colocar num lugar de destaque, fazendo parte de um seleto grupo de pessoas que não dispensam oportunidades, e sendo por isso reconhecida de forma justa. Na vida real acontece da mesma forma: quando fazemos por merecer, sempre conseguimos!


Essas foram as principais lições que consegui extrair daquele fim de semana. Notei que não tive uma grande descoberta, ou uma incrível revelação que tenha se apresentado para mim em algum momento "mágico" específico... Na verdade, o que ocorreu comigo foi a confirmação de muitas dúvidas que estavam em mim guardadas. Eu consegui sanar todas essas perguntas internas e também me dei conta do que impede a minha evolução como pessoa, como profissional. De fato, o treinamento me fez despertar, me fez conhecer muitas coisas. O que vou fazer com tudo o que tenho consciência agora caberá apenas a mim. Eu sei!

Beijos!

5 Comentário(s) para: 1, 2, 3, 4!

  • É ótimo chegar aqui e perceber esse seu clima de EVOLUÇÃO depois desse curso! Tenho certeza que depois desses posts todo mundo vai querer fazer o DL também!!!


    É verdade, o auto-conhecimento é a chave pra o sucesso em todos os aspectos, pessoal, sentimental, profissional, etc,,, Preguiça?! Eu jamais poderia imaginar que uma menina tão ativa em tudo que faz encontraria a preguiça como um problema! Não sabia que a preguiça (ou até mesmo a falta-de-atitude) tinha um papel tão decisivo na sua caminhada até aqui, mas é bom saber que vc encontrou um ponto para melhorar e persiste nisso!


    Ficou lindo o post! É sempre bom te ler, ver vc falar dos seus dias de infância, do "seu" conto de fadas, de suas idéias, de sua infelicidade, sua decisão de sair de casa tão prematuramente, seus sonhos,,, enfim, sua vida!

    Espero que vc consiga sempre e sempre melhorar, evoluir! ;D






    Beijão!

    Anonymous Anonymous, em 8/4/06 13:55  

  • Nossa, Lediana...
    Acho que eu tenho que fazer esse curso!!!
    Nem tantas perguntas sem respostas, até penso em fazer terapia, mas depois de ler esse post seu, de tudo o que vc conseguiu extrair, deu uma vontade de tentar e ver se eu consigo tbm encontrar algumas respostas!

    Mew passa, por favor, telefones, local, datas... Rs...

    Bjos!

    Blogger Xelly, em 12/4/06 15:59  

  • Você não me conhece, mas isso não importa... o mais significativo agora é você se conhecer!
    Eu sou amigo-irmão de um amigo seu e ele me presenteou com seu magnífico post sobre sua experiência deelística...
    Não pense que já fiz o DL, irei fazer em breve, mas tenha certeza que após vários anos observando o vôo das águias, me surpreendi enorme e positivamente com o vôo de uma borboleta...
    É que de uma maneira doce, simples e completa você nos faz viajar pela sua experiência, sem convite, só presença, sem explicações, só coração...
    Eu não te conheço, mas isso não importa... o mais significativo é que não se precisa de muito para encantar... E você encanta!
    Eh! O que diria, hoje, Fernando que outrora ousou pensar que por não poder aprisionar seria a borboleta leviana... Afinal, não seria leviano aquele que pensa poder escapar do seu encanto!
    Voe, Encantus lediana, sempre!
    Henrique (hjavix@terra.com.br)

    Anonymous Anonymous, em 15/4/06 21:28  

  • Nossa! Isso sim é crescimento pessoal! Fabuloso!
    Beijos!

    Anonymous Anonymous, em 18/4/06 19:23  

  • bom, pelo q eu li, só posso desar-te boa sorte.
    :-)

    Anonymous Anonymous, em 19/4/06 13:28  

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